29 de abr. de 2009

MAREMOTO




MAREMOTO


Empurrado por um eu mais depressivo
Calo os versos que não me deixam calar
Acomodo-os num soneto dispersivo
E remeto-os cá pro fundo do meu mar

Um profundo em que os eus que me confundem
Não desistem de tentar me recompor
Recompondo-se em ondas que me iludem
E ao quebrarem-se não quebram minha dor

Chegam à praia dos meus próprios pedregulhos
E desfilam aos meus olhos de Narciso
Refletindo meu semblante – minha foto

Depois voltam-se com um aparente orgulho
Me depondo os mesmos versos imprecisos
Decompostos neste falso maremoto

Um comentário:

  1. O poeta tem um pouco do Narciso
    E vive seu intenso maremoto
    Movimento e tumulto impreciso
    Que brinda poema ao cara da foto

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